Sobre o futebol: foi-se a magia e o brilho, restou apenas a ganância e o politicamente correto.
O futebol não é mais o mesmo, tornou-se apenas investimentos milionários e jogadores politicamente corretos. Não se vê mais porrada em campo, não se vê mais simulações ridículas de violência, não se vê nem mesmo insultos à quem irá cobrar o pênalti. A moda agora é a do jogador estrelar propagandas, aparecer em programas televisionados, desfilar por aí estampando as marcas de seus inúmeros patrocinadores e jamais cair em farras secretas, que nem mesmo a Interpool descobriria. Acabou a marra, a provocação e a essência do jogador de futebol - aquele que faz o possível e o improvável para ajudar o seu time a conquistar títulos. Nos dias de hoje, o jogador profissional não pode mais brincar de jogar futebol.
Olho para o passado (não tão distante assim) e vejo Edmundo dando cotoveladas para proteger a bola (será que era pra isso mesmo?!), ou simplesmente cuspindo em juiz ou encarando frente à frente um zagueiro, além disso tudo também vejo ele fazer vários gols. Parece que os valores esportivos mudaram. Por exemplo, o Ronaldo: ele era imparável; chegava duro nos zagueiros para a disputa da bola; corria feito um foguete; driblava qualquer um que estivesse em sua frente, inclusive o juiz. Nenhum zagueiro espancava ele em campo, nenhum time fazia rodízio de marcação e o parava na porrada - não tinha essa de "é melhor quebrar do que deixar ele fazer o gol", tanto que ele ia lá e fazia vários - e agora o que mais vemos no futebol são os jogadores de maior habilidade sofrendo perseguições em campo, aniquilados por uma marcação que chega a ser anti-esportiva. Mas, o atacante não pode mais chegar junto, não pode mais usar os braços para proteger e nem mesmo provocar o adversário. Ou seja, Edmundo hoje em dia não ia passar de um Lucas Pratto: bom atacante, mas sem brilho.
E por que antes citei Ronaldo? Justamente para chegar no Neymar, Acontece que o menino prodígio do nosso país não tem o mesmo primor que Messi e Cristiano Ronaldo e os jogadores adversários parecem não respeitá-lo como deveriam. A pancadaria sem limites para cima do ex-santista é de muita audácia dos marcadores adversários, pois, até mesmo o juiz não vê a tamanha brutalidade de como o garoto é tratado em campo. E num mundo 'mimimi' no qual nos encontramos, quando esse jogador diferenciado (e espancado) resolve devolver, de alguma forma, o tratamento, aí a história muda. Recentemente Neymar, em um jogo do PSG pelo campeonato francês, sofreu várias entradas agressivas por parte de um marcador do time oposto e em um certo momento ele revidou com apenas uma entrada. O jogador ainda estava no chão quando Ney se aproximou e esticou os braços no intuito de oferecer ajuda, mas o rapaz caído, ao tentar aceitar a ajuda, acabou sendo sacaneado pela zoeira de Neymar, que simplesmente recolheu os braços e saiu de perto rindo do adversário. Se isso acontecesse nos anos 90, certamente todos apoiariam a atitude dele e também achariam graça da irreverência que a situação proporcionou. Porém, estamos na década do politicamente correto, em que atitudes como essas são inaceitáveis, garantindo ao Neymar o título de desumilde do futebol, o mimado sem noção do Brasil.
Antes valia tudo, até mesmo enfiar o dedo no toba do adversário - é só caçar umas histórias de futebolistas de antigamente para ter o conhecimento de que essa atitude era uma das mais comuns dentro de campo - e agora não pode mais e quem faz isso é porque tem fortes tendências homossexuais (e olha que nem é do Richarlyson que eu to falando). Bater no atacante pode, vale tudo, UFC no gramado, mas o atacante revidar ou fazer gracinha, "ah, isso não pode!" "nossa, que desnecessário". Qual a graça terá o futebol do futuro? Logo mais o esporte vai acabar se tornando um Tênis, ou Vôlei, sem contato físico, sem provocação, sem a sua essência. Não é legal ver pancadaria em campo, ou quando os torcedores invadem para ajudar na briga, não é nem um pouco certo esses tipos de atitudes, mas era para ser comum algumas desavenças e esquentamentos dentro de campo durante a partida, pois certos temperamentos demonstram que os jogadores, no mínimo, ainda estão ali realizando o seu trabalho com garra e determinação. Só que já está muito comum de assistir jogos em que nem mesmo faltas têm, que não há nem mesmo pequenos insultos, provando que o time só está em campo para cumprir tabela e mostrando que o jogador só está ali para ganhar o seu dinheiro (que não é pouco, por sinal) e ir para casa ver NETFLIX. Por isso que é normal ver alguns times errando passes próximos, ou parecerem lesmas durante o jogo: sem nenhuma vontade, sem nenhum objetivo, está ali só porque o empresário e o técnico o escalaram para a partida, afinal, os milhões já estão na conta, não é mesmo? Para quê se esforçar e correr o risco de se lesionar, sendo que não cobram mais o esforço do atleta?!
É muito triste de ver jornalistas e ex-futebolistas tecendo comentários negativos aos jogadores que ainda se esforçam em manter a magia que o futebol proporciona. Antigamente, os jogadores não ganhavam nem a metade do que pagam atualmente e ainda davam o sangue, jogavam com raça e honravam a camisa do clube - alguns ficavam no clube a vida inteira - e agora, por causa de dinheiro fácil, o cara muda de time a cada ano que passa, não se importa com o torcedor e muito menos com o time que defendera. Decepciona ver esse monte de gente defendendo e exaltando os ex-jogadores que são bandidos e denegrindo a imagem daqueles que ainda podem oferecer algo de bom para o futebol (nacional e internacional). Queria ver como o Romário, Vampeta, Paulo Nunes, Domingos e Junior Baiano sobreviveriam nesse mundo politicamente chato em que o futebol vive. Não consigo imaginar esses eternos ídolos jogando nesse futebol sem sal e sem brilho que assistimos atualmente. Quem sabe essa Copa do Mundo que vem aí não possa trazer aos jogadores a nostalgia e a velha e boa magia do futebol, pois a copa de 2014 mostrou que o caminho é esse: de jogos monótonos, chatos, sem brilho e com apenas uma equipe jogando de verdade, de modo coletivo. A tendência aponta para mais um torneio fraco, mas sonhar não custa nada.
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