O que está acontecendo, tricolor?


          Quem diria que o clube com o plantel mais caro do futebol brasileiro estivesse passando por uma pindaíba de jogos. O São Paulo é o time que mais investiu caro e dentro de campo o resultado pouco aparece. Será que foi a volta do Kaká pro futebol americano que complicou o entrosamento e a energia dos jogadores? O tricolor paulista está longe de ser aquele grande time que terminou o campeonato brasileiro como vice e, apesar de não jogar bem, os resultados não são ruins, mas poderiam estar bem melhores.
          O São Paulo FC está mesmo mantendo apresentações razoáveis dentro de campo, até parece que os jogadores não têm a menor vontade de jogar. Não se vê aquela raça toda que, até no final do ano passado, existia e rendia ótimos resultados. Talvez seja o excesso de dinheiro, ou a falta dele, já que o salário de alguns jogadores parecem estarem atrasados e outros - por conta de patrocínios - aparentam ter o salário em dia. Mas, o importante a ressaltar é que o time não está jogando nada. Empatou contra o Santos, perdeu duas vezes para o Corinthians nos jogos do campeonato paulista e libertadores, chegou a empatar com os times pequenos do interior e, quando ganha, o placar é pequeno perto do que devia ser e sempre com gol salvador no final do jogo. O fato de ter jogos ruins contra os grandes, que só fazem aumentar o tabu, pesa muito e mesmo que o torcedor cobre o time não parece corresponder.  O tricolor não é clube que depende do azar do adversário, ou de milagres. É um time que faz o jogo, que domina o resultado e que faz bonito.
          A chegada do Kaká, no meio do ano passado, deu uma boa acendida nos ânimos do plantel principal, tanto que o time deu show e saiu de uma fase ruim que atravessara na época. Hoje a fase está de volta, com o retorno do meia para o clube que o havia emprestado toda aquela maré de azar e jogos tensos voltaram. O Kaká dava um incentivo muito bom aos companheiros de equipe, talvez esse instinto de liderança deve estar fazendo falta nesse começo de ano. O fato é que o rendimento caiu demais após da saída dele e é totalmente explícito isso, basta apenas assistir à um jogo do São Paulo pra ver tamanha falta de raça e disposição dos jogadores. O Rogério Ceni sozinho não tá conseguindo mais dar conta de incentivar todo mundo e o desânimo é grande.
        Outro fator que pesa é o fato do técnico Muricy Ramalho ficar "mistando" o time. Ora coloca um time meio titular e reserva, ora só o time reserva e ora só o titular. E ainda costuma colocar o time titular com alguns reservas, improvisados às vezes, o que prejudica totalmente o que mais faz a diferença em um clube de esporte coletivo: o entrosamento. O time entrosar em treinos é uma coisa, o time ir pro jogo dia sim e dia não, cheio de trocas e improvisos, é algo totalmente diferente e não causa entrosamento algum. O time só entrosa, mesmo, se for treinado igual, ir pro jogo igual, concentrar igual e fazer tudo igual. Reserva só serve pra suprir em caso de lesões, ou fadiga. Dar ritmo de jogo aos reservas, justamente em época de treinar o time titular é algo totalmente desnecessário - já que o Paulistão é um torneio cheio de times fracos, que não têm e nem oferecem competitividade com os grandes da capital. É um grande erro do técnico ficar montando times mistos, quando os titulares vão perdendo ritmo de jogo.
        O São Paulo precisa começar a jogar sério, com determinação e garra, mas, pra que isso se concretize, primeiro o técnico precisa parar de poupar jogadores, os mesmos devem começarem a se preocuparem mais com o que o clube merece e devem pensarem mais na história do time em que estão jogando, devem esquecerem das fortunas e do quanto eles possam lucrarem com o clube, lembrarem de fazerem um ótimo jogo pela torcida que está sempre apoiando de suas casas e de dentro do estádio, gastando dinheiro pra vê-los erguer troféus e comemorarem juntos vários títulos. Porém, não é nem um pouco fácil de tudo isso vir a acontecer, não é fácil mudar o sistema capitalista que o futebol virou. Basta o nosso apoio de torcedor, mesmo que os tempos sejam ruins, mesmo que soframos alguns ataques cardíacos, mesmo que não gritemos é campeão. Afinal, quem decide não é o time e seus jogadores. Quem decide é o dinheiro que compra tudo, inclusive a dignidade dos esportistas.

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