O Paredão


No paredão vermelho dessa vida me debruço
E com os meus olhos fechados,
Passo a contar o tempo e lembranças,
Desejos e objetivos já traçados.
Nada está ali perto, nada longe.
Apenas eu e o imenso paredão.
Fecho os olhos pra toda a baderna
E à toda a hipocrisia que existe.
Finjo, como a maioria das vezes,
Que nada está acontecendo fora dali,
Assim vou contando o que me interessa,
Pois essa parede imensa não me protege
De tudo aquilo de ruim que existe,
Mas ela me mostra um caminho a seguir.
A vida me ofereceu esse muro de reflexão
Para que eu pudesse ter meu tempo,
Para me fazer esquecer da ignorância,
Para me levar ao rumo da sabedoria.
Porém, não há escapatória alguma,
É um mundo fechado: só eu e uma parede.
Então, todo esse bom momento vai-se embora,
Já que o paredão barra a passagem.
Deveria, ao certo, arrumar uma saída,
Mas é algo que não cabe a um mortal.
Ainda estou contando e refletindo, não paro.
Será que adianta tentar furar esse concreto
Que impede o meu crescimento,
Que só me serve pra pensar e refletir,
Que me impede de arrumar a bagunça?
Será que alguém consegue?
Rapidamente me desperto e reparo ao meu lado
Vejo que não estou sozinho como pensara.
Milhares de pessoas ao meu lado, debruçadas,
Todas ali, também, contando e refletindo
Nesse imenso e vermelho "Paredão Torto".
Fecho meus olhos novamente.
Aguardo ansioso, como todos ali juntos,
Pelo dia em que esse paredão venha a desabar
Para que, assim, os objetivos e os desejos
De todas essas pessoas aqui presentes
Possam começarem a serem alcançados
E, ao invés de contar o tempo a todo momento,
Vamos passar a vivê-lo e as lembranças,
Tanto as boas quanto as péssimas,
Poderão começarem a fazerem algum sentido.
Infelizmente, o paredão é bem rígido,
Por mais que abalado esteja por todos os debruçados.
Então, só resta a mim e a todos do meu lado
A continuarmos contando, de olhos fechados,
Apenas empurrando a parede vermelha
Com nossos pesos e reflexões.
Quem sabe, no fim das contas, tudo se resolve
E ocorra uma enorme mudança em nossas vidas.
Um, dois, três, quatro...


Autor: Caio Estrela.


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