Vida Desgraçada
Solitário, com fome e frio
Vagando pelas ruas da cidade
Esperando por alguma piedade
De quem o deixou um vazio.
Passo curto e doloroso
Dentro dessa selva de pedra
Com qualquer barulho se aquieta
E suspira fundo por ser medroso.
Poucos lhe dão devida atenção
Quase ninguém lhe alimenta
É todo dia essa enorme tormenta
À espera de alguma salvação.
Possui nome e raça, possui amor e carinho
Carrega em si todo e qualquer sofrimento
Tem a fé de que é apenas um mau momento
E, assim, logo não estará mais sozinho.
Seu choro é mudo ao ouvido do outro
O alimento é escasso ao esbanjo alheio
Sempre é invisível mesmo estando no meio
A sede sufoca e desidrata o couro.
Sua língua para fora mostra o cansaço
De quem já não aguenta mais caminhar
De quem já não vê mais o tempo passar
Ou nem mesmo sente o terrível mormaço.
Precisa de ajuda, mas é injustamente maltratado
Muitas vezes escapa e se perde por engano
Não raciocina e nem é forte como um humano
Desgraçada é a vida de um cão abandonado.
Autor: Caio Estrela.
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