Sentidos
Aonde estão meus sentidos? Não consigo mais enxergar, está tudo preto. Já não sinto mais qualquer tipo de aroma, não sinto mais cheiro algum. É como se eu estivesse com meu corpo todo dormente, pois não sinto mais nada em que relo ou que rela em mim. Estou surdo, não escuto se quer a minha própria respiração. Não consigo falar, não consigo abrir a boca pra poder pronunciar alguma palavra. Eu sei que estou acordado, mas não sei se tem alguém comigo, não sei se ainda estou no quarto em que estava antes de perder todos os sentidos. Pareço defunto, mas não sou, pelo menos sinto que ainda estou vivo, apesar de não parecer.
- Bom dia, amor. Dormiu bem?
- Claro que sim. E você?
- Mais ou menos, estou com uma dor de cabeça hoje. Acho que deve ser por causa da bebida.
- Eu te falei mil vezes ontem para parar de beber, mas você insistiu em continuar bebendo. Agora fica aí reclamando da ressaca.
- Que dor de cabeça...
- Eu tenho um remédio na minha bolsa, eu vou pegar pra você.
- Obrigado.
O que eu mais gostaria de saber é o que aconteceu comigo, por que estou assim? Consigo me lembrar de tudo que fiz, me lembro da festa do dia anterior, me lembro da minha mulher pegando no meu pé e me lembro perfeitamente de tudo o que fiz no dia. Depois que dormi, acordei assim, sem reação, sem sentido. Efeito do remédio não deve ser, tomei era de manhã ainda. Não consigo descasar a mente, não consigo ter reação física, mas porquê será que continuo a pensar?
- Cadê minha camisa vermelha, amor?
- Ué, não está aí no guarda-roupas?
- Aqui eu tenho certeza que não está.
- Deixa eu procurar direito.
- Você fala como se eu não soubesse procurar.
- Toma aqui a sua camisa...
- Caramba, mas eu procurei por todo canto!
- Vou lá fazer o café.
- Espera um pouco. Passa pra mim?
Que fome. Sinto fome, mas de que adianta sendo que eu não consigo enxergar, tocar, cheirar ou até mesmo degustar alguma coisa. Tá mais escuro que um céu de noite sem estrelas, que pelo menos tem a lua para iluminar. Bem que eu gostaria de enxergar a lua agora, me faria um bem enorme só de saber que ainda tenho vida. Sinto a fome, mas não sinto a dor que a fome causa. Deve ser meu psicológico dando indícios de que necessito de energia. Mas não me sinto sem energia, só não sinto meus sentidos.
- Que horas que você vai chegar do trabalho hoje, querido?
- Não sei ainda, acho que só de noite.
- E o que você quer que eu faça de janta?
- Estamos almoçando ainda. Se por acaso sobrar comida, você pode requentar na janta.
- Não vai sobrar, fiz pouca mistura.
- Tudo bem, sobrando, ou não, você pode fazer o que quiser. Você sabe muito bem que eu como qualquer coisa que você faz.
- Tudo bem, só não precisava ser grosso.
- E você não precisava ficar fazendo pergunta besta.
- O que você tem hoje? Que mal humor, credo!
- Nada. Não tenho nada, apenas essa dor de cabeça que está me deixando estressado.
Passei o dia todo, ontem, com dor de cabeça. Nunca tive uma ressaca dessa, estranho que nunca senti dor de cabeça tão forte. Lembro que fui dormir com ela, ainda. Não estou mais com a dor de cabeça, apesar que se eu tivesse alguma dor, eu com certeza não sentiria, já que não sinto nada. Fui grosso com a minha mulher no almoço, quando eu conseguir abrir meus olhos, poder andar e falar, com certeza vou pedir desculpas pra ela, pois ela não merecia ser mal tratada por eu não estar bem, eu fiz muito mal em ter descontado nela, Ela simplesmente achou minha camisa, que estava lá aonde eu procurei e não enxerguei. Tem vez que eu não enxergo nem a mulher fantástica que tenho, ela merece mais que desculpas.
- A tabela de preços foi alterada hoje. Nós precisamos abaixar o preço da roupa, porque está alto e os clientes estão reclamando. Então eu fiz o seguinte: abaixei o preço das roupas dos clientes, mas aumentei o preço dos conjuntos que são vendidos aqui na loja.
- Mas você por acaso acha que isso vai dar lucro, senhor?
- Sim e te explico o porque: acontece que os nossos maiores clientes são os das empresas que nós fornecemos os uniformes. A gente abaixa em trinta porcento o preço dos uniformes, mas aumentamos em trinta porcento o preço dos conjuntos que a gente põe na loja. O lucro vem do fato de as vendas desses uniformes serem o triplo do tanto que a loja vende. Então, a gente tá vendendo mais barato em um setor, mas o outro setor mais caro acaba cobrindo o setor mais barato. Neste caso a gente pode atrair mais empresas pelo nosso preço ser menor do que as demais confecções e possivelmente podemos quadruplicar o número de vendas. E mesmo assim, as roupas mais caras da loja ainda são mais baratas do que as das outras lojas. É lucro na certa.
- Entendi, senhor.
- Pois bem, então vamos ao trabalho. Hoje vou conversar com mais clientes e espero ver vocês vendendo bastante hoje. E pessoal da fábrica, caprichem nas confecções e aproveitem para ver o modelo novo de roupa que eu quero pra esse verão.
- O senhor está sentindo o cheiro de gás?
- Que gás? Eu não to sentindo cheiro algum.
- Eu estou sentindo.
- Eu também estou.
- Eu não estou sentindo nada, talvez seja a dor de cabeça que eu to sentindo que não tá deixando eu sentir o cheiro desse gás. Vão trabalhar, eu vou pra minha sala receber os clientes, qualquer coisa me procurem lá.
Já sei, quando eu me recuperar vou dar um buquê de flores bem cheiroso pra ela. Pra mim seria muito bom poder sentir o cheiro das flores, não poder sentir o cheiro das coisas é algo muito ruim, nunca pensei que fosse passar por isso. Dava qualquer coisa pra poder sentir o cheiro do ar. Me veio o aroma do perfume dela agora, será que ela está por perto? Acho que é minha mente mesmo me mandando esse cheiro intelectualmente. Perfume dela é doce, cheira muito bem, fazia muito tempo que eu não sentia esse perfume dela. Ela passa todo dia, mas só sinto agora que não posso sentir. Talvez eu tenha me acostumado com esse cheiro, por isso não sinto pessoalmente como sinto agora nesse sonho louco. Estranho que só agora sinto o cheiro de gás. Antes se eu tivesse sentido a tarde, no trabalho.
- Senhor, está pegando fogo no fundo da loja.
- O quê? Pegando fogo na loja?
- Sim, nos fundos. Naquela cozinha que tem entre a loja e a fábrica.
- Mas chamem os bombeiros, então!
- Já chamamos, senhor, mas eles ainda não chegaram. O pessoal está tentando apagar o fogo, o alarme de incêndio não foi acionado, mas a moça da costura viu o fogo e alarmou todo mundo.
- Era só o que me faltava! Mais essa no meu dia...
De repente ficou branca a minha visão. Já sinto um pouco de ar nos pelos do corpo, já sinto alguns ruídos, mas bem baixinho, como se o som estivesse lá longe. Já consigo sentir um pouco da saliva, sinto pelo menos um pouco de oxigênio. Aos poucos meus sentidos estão voltando, pensei que estivesse sonhando, mas agora confirmo que não é um sonho. Já sinto um pouco de cansaço muscular, um desconforto enorme. Essa visão branca me lembra das cegueiras instantâneas que o flash de algumas câmeras digitais podem causar. É como se acabassem de tirar uma foto com a câmera colada no meu rosto, a sensação é ainda pior do que antes.
- Bom, conseguimos apagar o fogo. O senhor acabou perdendo metade do seu estoque de roupas. Da próxima vez, construa o seu estoque em um lugar afastado de onde possa correr risco de incêndio, assim você tem a segurança de não perder seus produtos.
- Obrigado, capitão, pelo conselho e por você e seu pessoal do corpo de bombeiros terem apagado o fogo. O pessoal aqui da fábrica tentou apagar, mas o fogo se alastrou muito rápido. Ainda bem que vocês chegaram a tempo. O estoque ficou torrado, mas o mais importante é que ninguém se feriu.
- É o nosso trabalho, fico feliz por ninguém ter se ferido também. E da próxima vez faça um check up da segurança, pois o seu alarme de incêndio não disparou pelo fato de estar queimado. Você tem que trocar os sistemas e ir regularizando a cada três meses no máximo. Dessa vez não houve feridos, mas em uma próxima talvez possa haver.
- Pode deixar que eu vou cuidar disso com mais frequência, capitão, obrigado por me alertar. O pessoal reclamou de um cheiro de gás, mas eu não senti. Estou com uma dor de cabeça fortíssima, tomei remédios e não adiantou, ela não passa.
- Procure um médico.
O clima aqui deve estar frio, já consigo sentir meu corpo gelado. Tenho certeza que não estou em casa, pois meu quarto é muito quente, ainda mais no verão que estamos. Será que me levaram pra um hospital? Não me lembro de como é o clima de dentro de um hospital, faz muito tempo que não vou a um. Será mesmo que isso não é um sonho? Já está demorando demais, se for. Queria tanto poder pelo menos escutar alguma coisa, pelo menos pra saber se eu estou bem. Eu devia ter seguido o conselho do capitão do corpo de bombeiros e ter ido ao médico. Assim talvez não estaria aqui nesse mundo inconsciente, apenas podendo pensar. Nossa, que sede, preciso de água.
- Cheguei, meu bem. Vou tomar um banho e descansar um pouco. Me chame quando o jantar estiver na mesa, está bem?
- Tudo bem, amor. Eu já estou preparando, vou fazer iscas de tilápia.
- Que gostoso, querida. Até vai ser bom pra mim, pra ver se diminui essa dor de cabeça que eu to sentindo. Acredita que ainda não passou, tomei os remédios que você me deu e não adiantou nada.
- Vai ver que isso é estresse.
- Pra piorar o meu dia, hoje acabou pegando fogo lá na fábrica. O estoque de roupa da semana ficou tudo queimado. Foi só zebra pra mim hoje.
- Nossa, querido, mas alguém se machucou?
- Ninguém se machucou, você não imagina o quanto isso me aliviou. Vou lá tomar meu banho. Me avise do jantar.
- Querido?
- Sim?
- Achei que estivesse dormindo, te chamei um monte de vezes e você não respondeu. A comida já está até fria.
- Jura? Não escutei. Eu saí do banho e vim ler esse livro que um rapaz lá da loja me emprestou e vai ver que foquei demais aqui e acabei não ouvindo você chamar.
- Mas eu chamei bem alto, acho que até os vizinhos escutaram!
- Não ouvi. Me desculpa, mas é que essa dor de cabeça não me deixa pensar direito.
- Vamos jantar, então, você termina de ler o livro depois.
Minha esposa. Nunca senti tanta saudade dela em toda minha vida. Eu dormi com ela ontem, mas parece que eu não a vejo há tempos. Acho que não tenho dado muito valor a ela nesses últimos anos. O trabalho tem tomado a maior parte do meu tempo, vivo estressado e acabei não reparando no quanto ela é importante pra mim. Na janta de ontem ela até fez isca de tilápia, uma das comidas que eu mais gosto, ela sabia que eu não estava em um bom dia e quis me agradar, mesmo eu tendo descontado o meu estresse nela na hora do almoço. É uma mulher fantástica, tive a sorte de encontrar uma mulher como ela. Lembro que a conheci numa festa na casa de praia do meu tio, os pais dela são amigos dele. Eu me apaixonei logo que a vi, ela sempre foi de chamar a atenção de todo mundo, não só pela sua beleza, mas, também, por ser bem extrovertida e por estar sempre entretendo a todos. Somente com o tempo que fui percebendo o quão incrível ela é, mas de uns anos pra cá eu acabei esquecendo dela. Ela realmente não merece ser mais tratada assim, quando eu acordar vou voltar a ser o cara pelo qual ela se apaixonou e que me dizia querer todos os dias. Quero que ela me ame ainda mais, vou voltar a retribuir esse carinho que ela sempre demonstrou por mim.
- Está gostosa a comida?
- Não sei, não to sentindo o gosto do arroz e do peixe. Você temperou?
- Claro que temperei, usei limão ainda pra dar um sabor a mais.
- Estranho. Eu mastigo, mas não sinto muito o gosto. Está sem sal.
- Eu estou achando muito gostoso, vai ver que você está com gripe.
- Não, eu estou apenas com dor de cabeça. Eu sinto o cheiro normal da comida, não espirrei e nem tossi o dia todo. Eu só não estou sentindo o sabor da comida, só isso.
- Se não gostou, não come. Vai comprar um lanche, se quiser.
- Quer saber, perdi a fome. Não vou comer isso daqui.
- Tem muita gente no mundo que gostaria de ter "isso daqui" para comer.
- Tá bom, já chega! Eu vou tentar dormir pra ver se a dor de cabeça passa,
Estou sentindo uma enorme vontade de ir ao banheiro. Já não consigo mais compreender se o que sinto assim é real, ou é apenas uma sensação mental. Não sei. Estou mais perdido do que cego em tiroteio, do que surdo em discussão. Aos poucos já consigo enxergar formas e contornos, já começo a escutar um pouco melhor. Pelo menos agora consigo me mover, pouco, mas consigo. Escuto conversas, bem baixo. Só não consigo entender sobre o que são essas conversas. Já sinto o cheiro de limpeza, o aroma é agradável. As vontades de necessidade que me dão simplesmente se vão rapidamente, como se eu as suprisse sem saber. As sensações são passageiras, mas muito reais. Não tem explicação. Talvez eu deva passar mais um dia assim, estou aqui só pensando já faz um certo tempo, mas creio que um dia inteiro ainda não tenha passado.
- Amor, ainda está com com dor de cabeça?
- Sim.
- Quer que eu te faça uma massagem pra ver se melhora?
- Eu quero.
- Tá bom, eu faço, então.
- Deixa eu só tirar a camisa.
- Está bom assim?
- Mas você já começou?
- Sim... Não está gostando?
- Não é questão de gostar, é que eu não to sentindo.
- Você está muito tenso, olha só.
- Faz um pouco mais forte.
- Assim?
- Isso. Estou começando a sentir agora...
- Nossa, eu to fazendo muita força aqui. Não está doendo, amor?
- Não. Está é ótimo, está me relaxando. Está tranquilo, até.
- E a dor de cabeça?
- Continua. Pode parar, já relaxei um pouco. Obrigado, querida.
- De nada.
- Eu vou tentar dormir, porque tenho muito trabalho amanhã, ainda mais com esse fogo que pegou por lá hoje. Boa noite, amor.
- Boa noite, querido.
Já não aguento mais ficar só nessa de enxergar vultos e escutar resmungos. Pelo menos já consigo sentir o gosto da comida. É sopa. Sim, se a minha dúvida era se eu estava realmente no hospital, agora já tenho certeza. Essa sopa está horrível, mas é tão bom sentir o gosto de alguma coisa. Já estou recuperando de vez meus sentidos e saindo aos poucos desse sonho maluco que eu pensei que não fosse nunca mais sair. Sinto até uma coceira no pé. O sabor da água, estava me faltando muita água. E ainda dizem que água não tem sabor. Agora sim estou voltando à vida!
- Querido, acorda.
-
- Querido, você vai se atrasar...
-
- Amor, você está me assustando. Levanta!
-
- Levanta, acorda. Fala alguma coisa... Se mexe... Ai meu deus, alguém me ajude. Cadê o celular...
-
- Alô, é da emergência?
- Sim, no que podemos ajudar?
- Meu marido não está me respondendo, moça, me ajuda. Estou desesperada!
- Me passe o seu endereço, por favor. Estaremos enviando uma ambulância o mais rápido possível.
- Amor, me responde, por favor... Fala comigo!
-
- Não me deixa, por favor...
Estou começando a ter foco. Já consigo ver uma sombra enorme na minha frente. Já consigo escutar, Escuto som de aparelho, escuto televisão ligada. Escuto conversas do lado. Escuto uma reza. Quem está rezando é a minha mulher, reconheci a voz dela e parece que vem da sombra que estou vendo. já respiro muito melhor, sinto até que tem alguma coisa presa ao meu nariz. Sinto que estou de olhos fechados, a claridade já está normal. Acho que estou bem. De repente o que eu sentia pouquinho, já sinto bastante. Estou bem exausto, mas meus sentidos todos estão de volta. Acho que consigo abrir meus olhos. É a minha mulher, eu sabia. O perfume dela, era ele que eu senti aquela hora. Acho que já consigo falar alguma coisa, ela está rezando baixo, olhando para baixo. Vou tentar pronunciar alguma palavra.
- Está tudo bem, meu amor.
- Querido? Querido... Doutor, doutor. Ele acordou. Obrigado, meu deus, obrigado!
- Está tudo bem com o senhor?
- Sim, doutor. Só estou um o pouco cansado. E agora estou com uma dor nas costas também.
- É normal, rapaz. Você ficou muito tempo deitado. Vou pedir para a minha enfermeira vir tirar sangue pra fazermos alguns exames, está bem? Eu volto daqui a pouco.
- Tudo bem, doutor, obrigado.
- Como você está querido?
- Eu to bem melhor. Você nem imagina como é ruim perder os sentidos, parecia que eu estava num mundo paralelo a esse.
- Falou com deus, meu querido? Foi ele quem te mandou de volta, né?
- Não falei com deus, mas pensei bastante. A única coisa que me sobrou foi a minha mente. Foi um sonho muito louco que eu tive enquanto eu passei o dia todo paralisado, até que meus sentidos foram voltando aos poucos. Você sabe o que eu tive, querida?
- Você estava em coma.
- Como é que é?
- Você entrou em coma, amor. Mas fiquei todos os dias aqui com você, não desgrudei de você um segundo. Sempre falando com você, sempre te acariciando. Eu sabia que um dia deus iria mandar você de volta pra cá, eu sabia que o meu amor e o amor dele com certeza te traria de volta pra mim.
- Nossa... Mas fiquei em coma por quantos dias?
- Você está em coma desde o ano passado. Hoje faz um ano, dois meses e cinco dias que você está aqui no hospital.
- Você só pode estar de brincadeira. Meu sonho não foi tão grande assim!
- Eu te amo, meu amor. Eu estou muito feliz por ter você de volta, eu sonho com esse dia desde que você me deu o maior susto e me trouxe a maior tristeza da minha vida.
- Obrigado querida, eu te amo muito também. Eu andei pensando durante todo esse tempo, você merece tudo de melhor sempre. Me perdoa por todos os erros, pelas minhas grosserias. Vou voltar a te tratar com muito amor e carinho, prometo.
- Querido, só de você estar aqui vivo, falando, me olhando, me sentindo, me ouvindo e respirando... Eu já me sinto muito realizada e feliz novamente.
Quem diria, em coma. E eu pensando que era só um pensamento, um sonho louco. Mas agora percebo os sons bonitos da vida, como os dos pássaros e como é gostoso sentir o cheiro da grama, da terra. Puxa vida, como é maravilhoso poder enxergar. A nossa maior visão é a vida que escolhemos ter, não podemos nos deixar cegar por problemas e discussões, temos que abrir os olhos para quem nos ama e para tudo o que podemos tirar de bom proveito. A nossa maior audição é poder ouvir coisas boas, como um "eu te amo", ou um "bom dia" e levar essas palavras boas para o resto do dia, da vida. O nosso maior paladar é sentir o gosto de ter uma vida tranquila, sem estresse, cheia de amor, saúde, paz e principalmente saborear a felicidade. O nosso maior olfato é poder sentir o cheiro da natureza, poder respirar e agradecer por mais um dia estar respirando. E o nosso maior tato é sentir tudo o que há de bom em nosso corpo, o carinho da família, a lambida do cachorro, a água fria em um dia quente, as carícias de um amor, entre várias coisas que nos faz feliz e que nos dê muito prazer em viver. Hoje dou muito mais valor a todos os meus sentidos, sei da importância de cada um deles. Passei um tempo vivenciando algo que seria parecido com a morte e hoje, ainda vivo, procuro aproveitar o máximo essa experiência única que chamamos de vida. Tudo na vida tem seu sentido, a gente tem os nossos e só basta saber usá-los corretamente, para apenas poder colher do bem e jamais colher do mal.
Autor: Caio Estrela.
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